A vida é inventiva!  A matéria está toda aí, constante em suas leis. Já a vida, ela cria sem parar e por todos os lados, inclusive dentro de você e de mim. O metabolismo que te faz vivo e te faz presente aqui entre nós, ele não é pura repetição mecânica, ele é criativo, ele inventa a tua permanência, momento a momento.

 

Quando me dei conta desta tremenda AÇÃO DA VIDA, me perguntei: este imenso poder de invenção, ativo em mim, vai se dedicar a inventar o quê? A quem ou a quê eu emprestaria todas estas forças que em mim pedem caminho e fazem matéria de vida?

 

Como pude acreditar em pedir permissão! Que pressas e medos me fizeram conceder todas as minhas indústrias tão vitais a convenções tão alheias e a papéis tão vazios!

 

Se o fiz, se entreguei as origens do meu fôlego em auto-traição, foi por um estranho feitiço de subserviência e escravidão. Foi por turvência de ignorância. Agora sei. Foi o resultado de asquerosas infiltrações de veneno nas letras do meu pensamento e nos codificadores gênicos dos meus cromossomos. Dominaram minhas raízes.... com a minha concessão.

 

E agora? Quem vai narrar o olhar dos meus sorrisos? Que imagens deixarei que envolvam os incontáveis trilhões de gestos intracelulares de um único instante em mim? Que previsão de futuro ditará o ritmo de minhas glândulas? Que modelos erguerão a coluna de minhas vértebras? Aqui, neste âmbito de em mim ser algum personagem e o que realmente sou.

 

Pois bem! Desempresto tudo que sou e restauro minhas fontes todas a elas mesmas, por lucidez. Regeneração jhá! Instante a instante. Que os tecidos se refaçam. Que todas as engenharias desentrelacem os drenos desviantes. Que toda a arte expurgue as viroses conceituais que me roubaram o metabolismo. E que a mais alta-profunda luz - de tudo que em mim é energia - fulmine toda parasitaria emocional em meus músculos.

 

Ajo vivo. Haja vida!